sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Tempo é de Outros Tempos

Não caíram meteoros do céu e não choveram gafanhotos. Confesso que achei que fosse ver algo, ainda que fosse o sopro diferente do vento, ou um tremor repentino vindo da terra, mas não veio. E agora, fazer o quê? Entrar para o grupo dos que vão dizer que sobreviveram ao fim do mundo ou fortalecer ainda mais minha postura? Vou na segunda opção. Meu mundo se acaba em todos os momentos. Assim como meu corpo e minhas idéias, tudo se transforma e nada é como vemos para sempre, até nossos olhos mudam. Faça assim: deixe de lado o alívio de saber que você está bem em seu quarto refrigerado, e aceite que o mundo constantemente se acaba e nasce novamente, para muitos. Vou aproveitar o fato de saber que ainda estou aqui para mostrar solidariedade aqueles que estão por perto, para dar um bom dia sincero a quem quer que seja; para ajudar pessoas, para me ajudar, para crescer de dentro para fora. Quero ser um mundo novo e não alguém que depende de um velho mundo para sobreviver. Hoje estou em Fort Lauderdale, Miami. Embarco amanhã no Grand Princess, ficarei lá até Abril e em seguida, volto para casa para aproveitar as férias. Estou animado e cheio de expectativas em relação a esse barco. Um beijo para os que dividem comigo de pura energia positiva. Um feliz Natal e próspero futuro para todos.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Só Passei Para Dar Um Alô

Dar um alô, que seja “holla”, que seja “hi”, ou apenas oi! Para todos que compartilham comigo a mesma linha. Ligação direta que não cobra interurbano entre homem e telefone; que não cobra extra por inspiração ou por falta da mesma. Nossa ligação não tem horários de pico, é baseada sempre na mesma tarifa: zero para qualquer tipo de cobrança, pois a conexão é natural, originária da espontaneidade da alma, capaz de pulsar até o dedão do pé. Sigo navegando, pulando de porto em porto, e ainda assim tem horas que dá uma vontade de abrir um sorriso enorme ao pensar em todos que me dão ânimo, figuras importantes! São todos parte do que sou; daí confirmo: a conexão é direta. Obrigado e por favor, quando terminarmos de falar, não desligue, pois essa ligação é gratuita. Hoje é dia quinze de Dezembro, estamos no meio do oceano, fazendo nossa travessia de volta à América. Dois mil e doze, sou o instrutor de fitness a bordo. Preparando-me para um novo choque: daqui a três dias, estarei embarcando em um novo barco, novo itinerário, novos ventos... Ansioso! Mas deixa quieto; deixa quieto que a gente vai vendo! Ah sim! Não desliga não hein?!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Na Pressão

Quem a colocou dentro de sua cabeça? Quantos neurônios são necessários para calcular a noção exata do que é senti-la em sua mais fiel forma? Pressionar ou sentir-se pressionado. É como o “enter” do teclado: Aperte aqui (ou não) para começar. Ninguém além do homem para decidir se a quer em sua vida ou não. Se por acaso chegar aquele momento em que sentir que lá está ela novamente, levante uma perna ao nível do peito, abra os braços e os olhos, trazendo a tona a mais perfeita imitação de Karate Kid. Viva para competir contra si mesmo. Olhe em volta com a certeza de que esta é sua melhor fase. O resultado é uma consequência, o aprendizado para sempre uma realidade. A pressão, não existe, a menos que a faça pressionar algo, alguém ou a si mesmo. Por isso sempre tranquilo. Por isso sigo tranquilo. Quatro meses desde que comecei este contrato? Creio que sim. Estou escrevendo do Crown. Estamos no meio do cruzeiro que nos levará da Europa para o Caribe. No dia dezenove de Dezembro serei transferido para outro barco, sigo ainda sem saber qual. Tenho aproveitado meu tempo livre para ler bastante: Brian Tracy, Zig Ziglar, Tad James e para distrair alguns romances. Escrevendo, cantando, viajando nas minhas novas batidas de rap. Correndo, malhando, correndo, malhando (Sim! Minhas maiores ocupações no momento!). Por falar em correr. Lá vou eu de novo!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Areia, Pirâmides & Um Pouco de Caos

São sete e trinta e cinco da manhã, já estou fora do navio e dentro do ônibus lotado de passageiros ansiosos. Já posso sentir o Sol rachando contra o teto de metal. São doze ônibus ao todo, o meu é um amarelo número sete. Para variar, minhas pernas não cabem no espaço entre o meu banco e o da frente, minha sorte é estar nessa excursão sozinho, viro as pernas para o banco do lado. Dois minutos mais e Heba, nossa guia, grita lá da frente: É hora de partir! Começamos a nos mover e na primeira curva, ainda na saída do porto, percebo que na frente do comboio de veículos turísticos, assim como ao fim do mesmo, seguem ao menos cinco carros representando uma exótica polícia de homens fardados, preparados para nos escoltar até o fim da viagem. Sinto uma estranha sensação de insegurança, mas fazer o quê? As coisas não estão fáceis para os que vivem aqui; sei que valerá o risco, mais três horas e chegaremos à boca do Saara, mais um pouco e poderei falar que tive a chance de ir ao Cairo e visitar as pirâmides do Egito! Eu sabia que o trajeto entre o navio, que estava em Alexandria, até chegar ao Cairo seria longo, por isso aproveitei o tempo ocioso para dormir. Acordei alguns minutos antes de Heba anunciar que já estávamos próximos, despertei na verdade com uma mosca zunindo ao pé do ouvido. Ao olhar para os lados, eu pude ver o que meses atrás, só via na CNN: Caos, miséria e destruição; ruas entulhadas de lixo, um rio Nilo poluído, poeira, construções inacabadas... Pobreza. Entre interrogações e exclamações de surpresa e pena; assumo que me deparei com um cenário bem pior do que eu esperava: puro caos urbano. Cada cruzamento parecia uma viagem mais profunda a um estado apocalíptico de destruição. Felizmente, minutos depois, ainda chegando ao centro do Cairo, tentando enxergar algo positivo em tudo à minha volta, meus olhos se despertaram para uma nova realidade: vi pessoas buscando por mudança em meio à dificuldade, crianças decididas indo para a escola, mães que acenavam e bocas que sorriam à passagem de um ônibus de vidro fumê que com certeza já é conhecido por vir cheio de turistas com dólares no bolso. E foi assim que depois de pouquíssimo tempo, vi surgir de trás de um prédio empoeirado, algo maior e mais impressionante do que possa parecer em qualquer foto: a ponta da maior de todas as pirâmides do Egito. Tive a chance de visitar não só as famosas pirâmides de Gizé, como também a pirâmide em degraus de Djoser que é a mais antiga de todas as construções egípcias! Fui à Esfinge (só não dei um peteleco no nariz dela); queimei o dedão nas areias do deserto do Saara; conversei com os locais; fui a uma feira de antiguidades; esfreguei uma lâmpada que por mais genial que parecesse não tinha um gênio; comprei uma túnica depois de pechinchar e tirei fotos que valeriam qualquer opção de férias. Aproveitei viu! Aproveitei e sem dúvida tive chance de refletir e me inspirar um pouco mais para aceitar que tem mais mistério no nosso passado do que imaginamos. Aproveitei também para aceitar que a vidinha que eu levo, e que você leva é muito mais fácil do que a vida de muita gente nesse imenso presente. Chance de olhar em volta e mais uma vez ser grato pelo que tem. NOTA: A palavra pirâmide não provém da língua egípcia. Formou-se a partir do grego"pyra" (que quer dizer fogo, luz, símbolo) e "midos" (que significa medidas).

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Mova-se! Porque é Mais do Que Preciso...

Pra que Nilo?! Larga isso aí! Vai fazer outra coisa... Eu malho por que eu gosto, eu me exercito por que eu amo um desafio, eu gosto de sentir o sangue surfando freneticamente nas paredes arteriais, seja quando eu levanto algum peso extra, seja quando eu saio desvairado a correr ou pedalar pelas ruas desse mundão. Ontem mesmo, olhei lá para fora, soprava um vento forte, o céu nublado e o navio ancorado em Mykonos, eu poderia muito bem ter voltado direto para minha cabine e ter dormido um sono daqueles, mas não, agarrei uma bicicleta e fui inspirado por uns graves de RAP a subir e descer pelas ruas estreitas da ilha grega. Agora mais do que legal, aposto que já ouviu falar a respeito da importância do exercício, se não foi através de seus pais que te colocaram no esporte desde cedo, ouviu da tevê que te colocou a sonhar em ser jogador ou dançarina, ouviu do médico que te disse que é importante se exercitar para perder peso, baixar a pressão arterial, diminuir o colesterol e os riscos do diabetes. O problema é que grande parte das pessoas que conheço cria desculpas para não se exercitar. Esqueça o peso extra, deixe de lado essa ideia de que quem malha é superficial, pare de dizer que não tem tempo, malhar ou praticar esportes não precisa ser caro e acima de tudo: Esqueça o doutor que lhe disse que você PRECISA se exercitar. Muitos dos doutores, clínicos e especialistas que tive a oportunidade de visitar até hoje PRECISAM tanto ou mais de exercícios do que muitos de nós. Se você pensa que se exercitar é cansativo, mude a estratégia: Tenho certeza de se tivéssemos a chance de conversar por alguns minutos, eu poderia encontrar a razão de sua insatisfação. Coloque seu corpo para trabalhar! Três sessões por semana, trinta minutos cada, intensidade moderada e você já progrediu mais do que muitos à sua volta: reduzirá danos à sua saúde e acima de tudo fará um gesto de amor por aqueles que você ama e quer bem. Outro dia parei para contar: Só de meu círculo de amigos e familiares, perdi dezoito por conta de enfermidades como câncer, diabetes, obesidade, infarto, alcoolismo e distúrbios mentais. Não é necessário ser exato quanto aos números para afirmar que a humanidade está se deteriorando. Nosso corpo é o mesmo há mais de cinquenta mil anos e a única coisa que mudou foram nossos hábitos e meio-ambiente. De forma geral a cada dez pessoas que você vê na rua, três sofrerão de diabetes, cinco de câncer, cinco de problemas cardíacos, oito de problemas respiratórios, dez de distúrbio causado por stress com futura ou já real necessidade de ser aliviado através de drogas lícitas como medicamentos, açúcar, café, cigarro e álcool e televisão. As máquinas do ginásio não devem lembrar instrumentos de tortura, por isso se não gosta do ambiente da academia: PARE DE DAR DESCULPAS PARA SEUS PROBLEMAS E MOVA-SE!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Você É Quem É Você

Você é o que você come. Eu não sei nem mesmo explicar o que é glucamato de sódio ou emulsificante a base de leticina de soja, então quem sou eu? Pare. E pense. Nós brigamos, discutimos, perdemos fios de cabelo, ganhamos peso e perdemos a paciência seja no escritório, casa, viagens, reuniões familiares e até mesmo em eventos festivos no intuito de provar nosso ponto de vista; mas no fim quem somos nós se não sabemos nem a razão pela qual optamos por isso ou aquilo? No fundo qual é realmente o nosso ponto de vista se quando o duelo de dúvidas termina, resta cansaço, esquecimento, desculpas e águas passadas. Pare. E reflita. Refletir. Gostei disso, o negocio funciona! Poupa tempo, afinal só você mesmo para se interromper; não faz barulho, a menos que você também fale sozinho; é imparcial, mas favorece sempre o seu lado e ainda te dá quatro a cinco conclusões seguidas de oito a dez novas dúvidas que você nem mesmo tinha. Vivo como em uma prova de química, minha estratégia é responder as perguntas mais fáceis primeiro (as fáceis são aquelas que têm resposta), daí sigo para as mais difíceis e se não consigo responder, pulo. Li que é da natureza humana tentar achar uma razão para tudo, e se está difícil aceitar que existem perguntas sem resposta, sugiro o uso de ferramentas valiosas como os koans (provérbios, diálogos ou perguntas provenientes do budismo que servem como auxílio à meditação). Ainda assim vale ressaltar, que existem perguntas fáceis. Por que você come carne? Por que você trabalha aqui? Por que você quer casar? Por que você não muda? Quem disse que você não pode? Por que você ainda não abriu um plano de previdência? Lembre: as fáceis são as que você consegue responder de primeira, e não importa se no final tiver sido a alternativa errada, desde que você aprenda com suas escolhas ( e desde que você se desafie a “errar”). Outro dia estava assistindo Revólver, um filme de 2005 com o Jason Statham, o careca com voz rouca do filme Carga Explosiva. Tem uma passagem em que alguém diz: “Se você muda as regras do que controla você, você muda as regras do que você pode controlar”. Tente. Mude. Repense o que considera importante. E viva. Mas antes, responda: Quem é você? Nilo Lima (hoje) é um garoto cabeça aberta, sem camisa, com calcanhar direito dolorido (pedalando em Katakolon) e clavícula esquerda estalando (menos peso da próxima vez) na frente do computador, terminando o texto que você lê, satisfeito por ter comido mais uma refeição balanceada, tranquilo, grato, moderado, sem picos de felicidade ou tristeza, relendo o último parágrafo enquanto o navio suavemente balança antes de chegar a uma pequena ilha chamada Mykonos.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

É um Mar de Oportunidades!

Já se foram duas semanas no Crown, portos magníficos, lugares extraordinários; eu paro e me pergunto, onde foi que acertei? Tem gente que reclama, porém eu, nesse momento, quero apenas continuar reclamando o que é meu por direito conquistado através de muita luta e pouca conduta, por aqui não me falta nada! Conduta demais, regras demais, só nos levam ao mesmo caminho, então estou deixando os dias me guiarem e vendo aonde o barco me levará. Aproveitando para ler alguns romances, já que acabei de deixar o mais novo e importante em “stand by”, aprendendo com erros, aplaudindo acertos, vendo alguns filmes e gravando novas cenas da vida real. Cantando no meu quarto BIG SIZE, produzindo novos ritmos para comentar através de música a melodia da vida que consumo. Desenhando a face dos que passaram por mim. Gastando papel, borracha, grafite e nanquim para ilustrar a ficção real de minha vida moderna. E daí que o cruzeiro não foi o melhor quanto a rendimentos bancários. Se o mar não está para peixe aproveite o tempo de sobra para aprimorar seus conhecimentos. Lendo bastante sobre práticas saudáveis de alimentação e tentando melhorar alguns exercícios de ioga que aprendi recentemente. Minha nova diversão e que tem me acalmado bastante nesse último mês: Tai Chi. E já que meu trabalho envolve cuidar do corpo, me deixe cuidar do que é meu! Sigo comendo de seis a oito vezes por dia, correndo em dias alternados, pedalando sempre que possível, levantando peso todos os dias e dormindo bem, por que é preciso! A diversão da semana, sem dúvida foi Santorini, um dos portos da Grécia! Desafio para chegar ao topo, e 20 km de corrida sob Sol e poeira intensa! Juro que se não fosse pelas casinhas brancas e o mar azul à minha volta, poderia dizer que estava em Marte!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Do Universo ao Adverso

Acordo. Chega a hora de que já não dá para ser o mesmo. Mudou. O tempo. As horas. O barco. A menina do cabelo dourado já não está no reflexo do espelho quando passo em direção a minha sala. Não têm italianos lá fora... Agora são croatas! O que vim fazer no outro lado do Mediterrâneo? Não sei! Recordo-me do “Alto da Compadecida”: - Não sei, só sei que foi assim. Tudo o que é, pode não ser. Pode ser que seja, mas se realmente for, o que é? Até quando será?! Terá planos? E até quando serão planos? Enxergará curvas no caminho? Vai fazer três meses desde que voltei para meu terceiro contrato. Para quem não sabe, hoje trabalho como instrutor de fitness a bordo de navios. Sou responsável por administrar aulas básicas de ioga, pilates, ciclismo, corrida, alongamento, boxe, tai chi, treinamentos em circuito para um público variado. Comecei no Rubi Princess, fiz amigos, conheci uma menina fora de série, visitei lugares absurdos, me desafiei, criei vínculos, mas contra minha vontade recebi uma visita desconfortante do Adverso. O adverso veio para me avisar que por conta da saída de um dos instrutores, eu teria que ser reposicionado para outro navio. Larguei tudo para trás e aqui estou eu, me desafiando novamente em um lugar outrora visitado. De volta ao Crown! O mesmo navio onde eu começara minha aventura há quase três anos atrás. Ainda estou me acostumando com o ambiente, mas admirado com a excentricidade dos novos portos: Dubrovnik (Croácia), Corfu (Grécia), Katakolon (Grécia), Atenas, Mykonos (Grécia), Kusadasi (Turquia), Santorini (Grécia), Slipt (Croácia), Alexandria e em Dezembro surgirão mais alguns. De corpo entusiasmado, mas com meu coração ainda com cara de assustado, me pergunto enquanto miro meu reflexo no espelhar do monitor: - Fazer o quê? Saudade uma hora passa. Navegante, só me resta navegar! “O mar em que eu navego é a saga em que eu sigo as cegas.”

sábado, 15 de setembro de 2012

Pausa Para Dois Goles D’água e Entusiasmo

Se informação fosse sinônimo de poder, bibliotecários seriam milionários. Informação só nos dá poder quando somos capazes de transformá-las em ação efetivamente. Quantas foram as vezes em que alguém tentou te ensinar algo e você debilmente não deu valor a oportunidade? Foi aprender por conta própria, dias depois através de seus próprios erros. Veja se concorda comigo? Tem dois tipos de pessoas no mundo: as que deveriam e as que devem (precisam) tomar uma atitude. As que deveriam são aquelas que passam a vida toda dizendo que deveriam estudar mais, deveriam trabalhar menos, deveriam comer melhor ou deveriam tentar correr um dia desses. As que devem são aquelas que vez por outra se esquecem de quem realmente são, mas que quando no auge do entusiasmo, são capazes de dizer que devem mudar, devem lutar, devem reagir, devem ser elas mesmas, devem e devem agora, pois amanhã já é tarde. Cada dia é uma nova chance para se enxergar a importância de transformar os “deveríamos” em “devemos”, sempre com a certeza de que estamos fazendo o possível para alcançar o que temos em mente. Se eu tive momentos em que deixei me desanimar, os sobreponho com momentos de inspiração e entusiasmo, que, diga-se de passagem, vem do grego “en theos”, convertendo para o português: Em Deus. Não! Não quero dissertar sobre religião! Mas sentir-se entusiasmado é ou não é uma sensação incrível?! Conclusão: Entusiasmo vale mais do que dois “Pai Nossos” e uma “Ave Maria” da boca pra fora!

domingo, 26 de agosto de 2012

Meu Mar é Meu House

Ouço o barulho das ondas esfarelando contra o maciço do navio Ruby. Escrevo mais uma vez cheio de energia, mas assumo sem medo, que os dedos nesse exato momento são os únicos capazes de seguirem no ritmo acelerado do meu dia-a-dia. São onze e quarenta da noite, comecei às sete da manhã com dezesseis alunos animados para mais uma aula de boxe coreografada em cima dos batidas mais envolventes possíveis; seguimos com abdominais e um desafio chamado “Crew Alert” (um tal de deitar e levantar enquanto se ergue halteres de peso desafiadores que inventei um dia desses...); pausa para meu treino e depois duas horas pedalando pelas ruas de Atenas, calor inacreditável! Voltei as seis para uma sessão de exercícios para pernas, as sete eu parei para comer, as sete e trinta Tour de Cycle (Spinning baseado no Tour de France) apenas para tripulantes. As oito fui eu de cabine em cabine distribuindo folhetos para divulgar um de nossos seminários; as nove um circuito de exercícios atrevidos para as meninas do spa; as dez da noite finalmente algo mais para comer e finalmente algum tempo para relaxar. Cansado! Mas valeu cada caloria... E ainda por cima estou ganhando para isso... Inhale... Exhale... Inhale... Exhale... Olhe para frente, e curta mais um belo dia a bordo do Extravagante Ruby Princess! Nem eu pensava que eu fosse chegar tão longe! Uma palavra: Obrigado.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Navegante: Do Brasil Para o Mediterrâneo

Um mês a bordo do Ruby! Quem diria que daqui de dentro passaria tão rápido, rápido até demais, como conheci pessoas incríveis nesse meio tempo! Trabalhando com ritmo de pescador, é assim que as coisas funcionam aqui dentro; acordo bem cedo e tomo um bom café da manhã, o ginásio é o meu mar e é de lá que eu tenho que me esforçar e navegar o máximo para construir relações novas com cada passageiro que conheço; são dessas relações que pesco números e experiências recompensadores no final de cada semana. Se não trabalho não ganho, tentar não é o suficiente. Aprendi que ter informação, ao contrário do que sempre pensei não é sinal de poder extremo, ação sim é poder ilimitável. Tomo minhas ações a cada segundo, mais inspirado em crescer. Descobri que o impossível é uma palavra muito grande usada por pessoas pequenas para tentar nos oprimi. Já não me limito. O sol aqui é forte, o percurso do navio envolve doze dias no Mediterrâneo, parando em portos exóticos com Kusadasi (Turquia), Istambul, Livorno, Civittavechia, Mykonos, Atenas, Barcelona, Veneza, Nápoles e Monte Carlo (Mônaco). Até então aproveitei mais das praias, dos passeios desafiadores de bicicleta, das corridas extenuantes ao lado do amigo mexicano Javier. Ao poucos me darei tempo para conhecer os lugares mais famosos de cada região, por enquanto ainda guardo na lembrança um dia de sol impiedoso em Pompeia, a cidade que um dia fora engolida pelo poder do vulcão Vesúvio.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Primeiro Ar, Terceira Estrofe

Começou com um barulho incessante, tentei me desvencilhar do ruído e daí, quando percebi, me envolvi naquele ritmo inviável e incontrolável, primeiro dia de treino, segundo momento de vida renovada. Lá estava eu a beira de um abismo sem fundo, pura redundância magnética, parado em frente ao espelho, com a alma pulsando o grave e os agudos da trilha sonora que só começara; uma mistura de house, techno e hardcore. Nova vida, vida nova. Abri os olhos, estava em Londres, só eu sei o que eu passara para chegar até ali. Só os loucos sabem. Confesso que até eu mesmo, ainda estou tentando me lembrar de tudo o que precisei fazer; só sei que quando dei por mim já não usava mais terno e gravata, ou muito menos roupa branca com vincos; simplesmente adequei a carcaça externa à minha anatomia espiritual. Estudei, corri atrás, fiz tudo novamente, inspiração vinda de todos os lados, mãe, irmão, família, amigos que não me deixaram parar, acreditei... E acima de tudo desejei. Corri atrás de um novo certificado, comi e bebi dos livros como se fosse proteína em pó, a cada dia cobrei mais e mais de mim mesmo e lá estava eu brigando por uma nova oportunidade: trabalhar com a misteriosa ciência do bem-estar, me desafiar a cada dia e provar para mim mesmo que nunca é tarde para tentar novas possibilidades. “Se algum dia ao olhar ao seu redor não encontrar um caminho, dê um passo adiante e descubra que você acabou de criar um novo.”

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Grafia, Auto, Bio & Pés no Chão

Nem estou com paciência de escrever. Sério! Venho aqui, coloco uns “parolológrafos” insanos sobre minha vida a infinitas milhas de distância, para no final alguém vir me perguntar: - E aí? Cadê você? Já desembarcado? Sério? Como é que é lá dentro? Você estava no Costa? É punk viu!

Outro dia, conversando com um ucraniano aqui lá da desk, acabamos por falar sobre autobiografias; ele estava lendo um e-book sobre a vida de Tesla, um inventor de um
dos países da extinta URSS. Ele disse algo tipo:

- Biografias? Por que não? Agora, autobiografias?! Você consegue imaginar o tanto que esse caras devem ser afetados mentalmente. Eles devem viver em um crise muito grande de existência! E o alterego?! “Vivi e agora vou publicar algo sobre minha própria vida”. Concorda Ni?

Concordei em partes, as razões para uma autobiografia são diversas: um escritor talentoso e criativo em busca de fama; uma menina que também leu autobiografias e encontrou nelas motivação (ver os outros para enxergar a si mesmo); alguém que vivera sob condições políticas conturbadoras (vejamos a censura em nosso país); homens e mulheres que se acham bons o suficiente para terem um livro a seu respeito e por último... Os que trazem formigas invisíveis dentro de suas cabeças, que fazem da escrita, informal ou rebuscada, um dos espelhos para autoreflexão.

Olha, garanto que dos casos que sugeri, eu até que sou bom o suficiente para ter um livro sobre mim, mas é nos insetos invisíveis que encontro a razão para manter esses relatos! Vivo em batalha constante com meu alterego, mas a cada foto que tiro, a cada vídeo que filmo, rima ou poesia nova que crio, nanquim que sujo no papel, textos abusivos de expressões discordiosas e palavras inexistentes invencíveis que escrevo, chego a conclusão de que estou aprendendo até que “bastantinho” com minha vida e eu amo essa danada!

O Nilo de hoje já está de volta ao solo brasileiro; se me me perguntar como estou ou onde fui, responderei que sigo navegante, curioso, cheio de planos e... Bem, se realmente tiver curiosidade em saber... Me procura depois dos blocos, quem sabe não lanço uma autobiografia!

Fiquem com Deus.