quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Primeira Semana a Bordo

Cheguei bem ao local de destino e de lá segui direto para o hotel onde eu ficaria até o dia seguinte. Tudo teria ido muito bem se não fosse o fato de ter perdido duas horas esperando o ônibus do hotel até enfim descobrir que o mesmo tinha mudado de nome e possuia ônibus novos.

O hotel era interessante, a comida muito boa. Comi algo que chamam de martini de camarões, vem uma taça repleta de um molho engraçado, cítrico, snacks de banana verde e três camarões gigantescos.

Segui para o porto no dia seguinte e tive meu primeiro dia de trabalho. Tudo novo e muitas surpresas, nada era como me falaram: Não estava frio, não me perdi, não trabalho vinte mil horas por dia, não tenho um indiano que não toma banho e vai roubar minhas coisas e planeja roubar meu fígado para vender por um alto preço em Bahamas e assim por diante.

Trabalho muito, mas não é nada que ultrapasse o dia a dia em um grande hotel. Na minha equipe tenho portugueses, sérvios, croatas e africanos. Os portugueses são incríveis! Divido cabine com um deles.

O Natal passou rápido aqui no navio, mas foi divertido e intenso, muita comida, risos, abraços e “Merry Christmas” para todos os lados. Tentei falar com a família e a Flavinha mas não atenderam, notícias ainda assim, consegui através do computador. A conexão no navio é boa porém sai do ar quando o tempo está ruim já que é proveniente de um satélite.

Hoje saí do navio pela primeira vez, visitei Roatã, umas das pequenas ilhas de Honduras. O tempo estava ótimo, tem um teleférico que leva de um lado para o outro e as pessoas são muito agradáveis. Amanhã é meu aniversário, farei um outro passeio, dessa vez a Cozumel, México. É fantástico quando paro pra pensar como navegamos rápido quando estamos a bordo!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Barulho do Aeroporto

Entre toques de celular e barulhos de uma loja qualquer, observo a mãe tentando de qualquer forma tirar a boneca nova da mão de sua filha. É dezembro de 2010, tenho vinte e dois anos, vou para Miami, estou a caminho de meu primeiro contrato com umas das maiores companhias de cruzeiro do mundo. Não sei o que me espera ao certo, mas foram dois anos planejando essa parte da minha história. Meu irmão, mãe, família, todos ficaram apreensivos mas agora passou, tudo está calmo. Eles já não estão mais aqui do meu lado, ainda que eu sinta a presença de todos dentro do peito. Primeira experiência em um barco, seis meses pela frente que eu prometo para mim mesmo que se Deus quiser serão apenas os primeros de muitos e muitos meses até meus trinta anos.

Voltarei enfim para o aconchego de minha terra, das belezas naturais, do gingado e da malandragem, minha pátria Brasil. Voltarei para me unir a mulher que prometi me casar, abrirei meu próprio negócio e se os planos mudarem, estarei de cabeça erguida para abraçar o que meu amigo lá do Céu me reserva.

Espero que essas confissões virem um livro, mas tudo isso depende da hora, depende da boa vontade do universo eletrônico, do cara chato que não para de brigar com a filha ao meu lado e da bateria do laptop, santa tecnologia que já me fez perder bons textos.