terça-feira, 24 de julho de 2012

Primeiro Ar, Terceira Estrofe

Começou com um barulho incessante, tentei me desvencilhar do ruído e daí, quando percebi, me envolvi naquele ritmo inviável e incontrolável, primeiro dia de treino, segundo momento de vida renovada. Lá estava eu a beira de um abismo sem fundo, pura redundância magnética, parado em frente ao espelho, com a alma pulsando o grave e os agudos da trilha sonora que só começara; uma mistura de house, techno e hardcore. Nova vida, vida nova. Abri os olhos, estava em Londres, só eu sei o que eu passara para chegar até ali. Só os loucos sabem. Confesso que até eu mesmo, ainda estou tentando me lembrar de tudo o que precisei fazer; só sei que quando dei por mim já não usava mais terno e gravata, ou muito menos roupa branca com vincos; simplesmente adequei a carcaça externa à minha anatomia espiritual. Estudei, corri atrás, fiz tudo novamente, inspiração vinda de todos os lados, mãe, irmão, família, amigos que não me deixaram parar, acreditei... E acima de tudo desejei. Corri atrás de um novo certificado, comi e bebi dos livros como se fosse proteína em pó, a cada dia cobrei mais e mais de mim mesmo e lá estava eu brigando por uma nova oportunidade: trabalhar com a misteriosa ciência do bem-estar, me desafiar a cada dia e provar para mim mesmo que nunca é tarde para tentar novas possibilidades. “Se algum dia ao olhar ao seu redor não encontrar um caminho, dê um passo adiante e descubra que você acabou de criar um novo.”